sábado, 29 de maio de 2010

A Fome no Brasil



A Fome no Brasil

Texto: José Júnior

Atualmente percebemos com muita indignação e choque o fenômeno da fome ser abordado pelos veículos de comunicação. No Brasil este não é um assunto novo, muito pelo contrário trata-se de um elemento fortemente presente no processo histórico do nosso país. O nordeste brasileiro é a região onde a fome mais marcou presença e continua marcando. O fator climático é definitivamente um agravante, visto que devido às fortes secas e estiagens os agricultores ficam por longos períodos sem colherem nada do que foi plantado e levando em consideração que as famílias nordestinas sempre se alimentaram do que plantavam, uma vez não colhendo nada não tinham o que comer. No entanto, a análise não pode ser feita por apenas um aspecto ou ponto de vista, pois se o clima não favorece a colheita e, conseqüentemente, a saciação da fome, devemos e podemos recorrer a outros meios e neste sentido a fome passa a ser uma questão política, visto que são cidadãos de uma nação que estão expostos a esta situação de privação e miséria. Se o poder público do Brasil nestes nossos quinhentos e dez anos de história tivesse sido mais atento e responsável com esta questão certamente muita vidas não teriam sido arrasadas pela inanição, pois direcionando ações e recursos para suprir esta necessidade básica da população certamente a situação poderia ser modificada. Acontece que o sertão nordestino, distante dos grandes centros urbanos e metrópoles, sempre foi esquecido e conseqüentemente quem nele habitava. A partir do momento em que o Brasil formular e efetivar políticas públicas que garantam a subsistência e a sustentabilidade do povo nordestino que são perseguidos há muito tempo pela fome poderemos vislumbrar um quadro menos sofrido e feio. Infelizmente a fome no nosso país não agrava apenas a população nordestina. Os grandes centros urbanos, tão agitados e barulhentos, com tanta suntuosidade e capital girando e movimentando a economia apresentam nos cantos das ruas, dos guetos, debaixo das pontes e viadutos, lixões e favelas muitas pessoas cuja vida desfalece de fraqueza. Alguém já disse: “A fome não tem ética” e neste sentido certo e errado caem por terra. Olhando assim talvez percebamos que as violências e as infrações de toda sorte podem, inicialmente, terem sido motivadas pela fome somada a fatores como a marginalização e a vulnerabilidade. Que cada um se imagine com o estômago vazio a vários dias ou horas e não ter perspectiva nenhuma de alimentá-lo. Que cada imagine em si a dor e o sofrimento de ter uma necessidade tão essencial negada. E que cada um imagine o que esse desespero, em suas últimas conseqüências pode provocar.

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